Liberdade a quanto obrigas

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Estreio-me aqui, ainda imbuída do período eleitoral passado e resgatando para aqui o conceito de período de reflexão, lançando então um desafio inicial que é: vamos usar estes cerca de 30 dias que nos aproximam da comemoração dos 50 anos da Revolução de Abril para ponderar sobre o valor que atribuímos à nossa Liberdade enquanto indivíduos, enquanto empreendedores, enquanto cidadãos, enquanto sociedade.

Não é à toa que qualquer um de nós pode sentir-se tentado em dar como garantidos todos estes sectores em que evoluímos tanto em termos, por exemplo, tecnológicos, em que temos à nossa disposição a Inteligência Artificial, que avançamos nos direitos das mulheres, das minorias, dos homossexuais, nas condições de trabalho, no acesso às decisões soberanas do país através do voto livre. Esta evolução de que falo, ainda que com atrasos, deu-se em Portugal, ainda há pouco menos de meio século. Estamos dispostos a abdicar disto tudo? E estás tu, caro leitor, a questionar-te agora mesmo: Como assim abdicar? Porque dizes isso?

Meus senhores, só alerto para a necessidade de estarmos atentos às linhas vermelhas.

Ainda estes dias ouvia com atenção uma entrevista do líder do Chega no jornal da noite e naqueles cerca de trinta minutos, senti uma enorme atracção por ele, devo admitir. Que homem impecável, que sedutor, que indivíduo casto e puro ali se encontrava, disposto a perder eleitores, a bem do país, tudo nele era belo, tinha resposta e solução para tudo, o nosso sonhador, o sacrificado da pátria!

Com esta descrição quero mostrar a ti, leitor que votou no André Ventura, que tens a minha empatia, aquele senhor parece impecável e naquela noite em que me prestei a ouvi-lo, ele disse-me tudo o que eu precisava ouvir. O cerne da questão meus amigos, é que ele faz isso com todos, vocês não são exclusivos e imprescindíveis e isso significa que no que concerne a medidas políticas, ele não as tem em concreto e aplicadas à realidade do nosso país porque o que ele pretende agora é agradar a todos para chegar ao poder. Para quê? Vamos reflectir sobre isto, é o que vos proponho. Não se esqueçam do quão sedutores, manipuladores e sorrateiros foram os grandes ditadores da nossa história até finalmente chegarem onde queriam e depois mostrarem ao que vieram. Nunca se esqueçam de Auchswitz, da Coreia do Norte, do desespero dos Cubanos, dos Russos, do sofrimento do Ucranianos, do que já se passou na Itália com o Mussolini ou na vizinha Espanha com o Franco, entre tanto outros, mas sobretudo não se esqueçam que familiares vossos, ascendentes, entre os quais alguns ainda vivos, sofreram às mãos de um regime de ditadura e o que todos perdemos pela estagnação económica e social decorrente desse período, veja-se o caso da Educação em Portugal.

Quero resumir que vos entendo por terem votado nele, é de facto tentador, ainda que eu nunca tenha estado perto, mas agora passo-vos a responsabilidade de estarem atentos e repensar o vosso voto na próxima oportunidade. Sabes quantas mais oportunidades terás?

Reflitamos…


Publicado em BragaTV: https://bragatv.pt/liberdade-a-quanto-obrigas/


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